22 de jan. de 2011

Viúva de Brizola: 41 mil por mês de pensão. La Dolce Vita (By Maristela)

Na Folha de São Paulo: “Os Estados brasileiros gastam ao menos R$ 30,5 milhões por ano com aposentadorias e pensões para ex-governadores ou suas viúvas. Com esse valor seria possível erguer 800 casas populares.”
Mais adiante: “Na Paraíba, o ex-governador Ronaldo Cunha Lima é um dos beneficiados. Em 1993 ele atirou contra o ex-governador Tarcísio Buriti. Buriti sobreviveu, mas morreu há sete anos, vítima de problemas cardíacos. A mulher dele recebe a pensão. Outra viúva beneficiada é a de Leonel Brizola, ex-governador do RJ e RS, morto em 2004. Marília Guilhermina Martins Pinheiro acumula pensão dos dois Estados. No total, recebe R$ 41 mil.”
Está lá, um quadro com todos os beneficiários da aposentadoria vitalícia. Coisa mais linda do mundo.
Outra matéria da Folha exibe o que pensa Tarso Genro do assunto: “Não compartilho da visão que a pensão em si mesmo seja um erro. O que pode estar errado são os valores. Estão errados os tetos dos salários do serviço público. São extremamente elevados em relação aos mínimos valores que recebem a base do serviço público”, disse.  Ah, e claro: “A inclusão do ex-governador Pedro Simon (PMDB) entre os privilegiados, mesmo acumulando salário no Senado, reacendeu a polêmica no Estado. Simon diz que vai avaliar se continuará recebendo a pensão em março, quando voltar a Brasília.”
Ainda a Folha: “O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que, ao solicitar R$ 1,6 milhão em aposentadoria retroativa para ex-governadores, tinha planos de direcionar o dinheiro a instituições de caridade.”
É legal? Não é legal? Julga daqui, de lá, justiça, isso, aquilo.
Com certeza, imoral.
Muda alguma coisa ficar com ânsia de vômito e pensar que a vida é sacana com a grande maioria? Nada. Só estraga o fim de semana de se enoja com todo isso. Depois, anestesia. Acostuma. Desde D. João a coisa é assim por aqui e o que se ouve, e muito, é pai e mãe dizendo pra filho fazer concurso, “pra garantir” a vida. Claro: se compromete a fazer 8 horas diárias e dá no máximo a metade, isso quando dá, e ainda ganha benefícios,  e a possibilidade de ser exonerado é remotíssima. Como estranhar que a esbórnia encante tanto aos “homens públicos” deste Brasil? Se um ganha, o outro também tem direito.
Tudo o que se disser para criticar será inútil e lugar comum, sem qualquer chance de mover uma palha na realidade criada e alimentada com carinho pelos poderosos de todas as facções, ideologias, credos, estratos sociais, escolaridade, etc. Só bla bla bla.
E o jornalismo, em meio a isso tudo? E o jornalista que cava as informações e assina as notícias? E o jornalista que assessora quem é motivo destas informações? Como dizia Tuio Becker, meu colega jornalista que já se foi, duas horas depois de lido, jornal serve pra embrulhar peixe na feira. Hoje, Tuio, nem isso. E, na internet, as informações e notícias são imediatamente substituídas por outras, antropofagicamente. Em alguns casos, ficam os saquinhos cheios de vômito junto a laptops, desktops e outros tops.  Mas só em alguns casos.



Um comentário:

Roney Maurício disse...

Perfeito o texto, Maristela! Nada a acrescentar...

Em alguns lugares do mundo (ainda) civilizado esta matéria da Folha provocaria certos pruridos: talvez um político norueguês renunciasse; quem sabe um americano fosse à TV pedir desculpas públicas; ou, até mesmo, um japa cometesse suicídio!?

Mas em nenhum lugar do mundo a cara dura, a falta de vergonha e a desfaçatez seriam tão grandes como no Brasil...